Sabes, senhor Nicetas, quando se diz uma coisa que se imagina, e os outros dizem que é exatamente assim, acaba-se por acreditar nela, afinal.(ECO, 2007).
Nicetas Coniate, afinal, juiz supremo do santo império, logóteda dos segredos, queria saber se a pessoa com quem conversava era ou não um mentiroso.
Seu discurso era claro, não manifestava nenhuma contradição. Aquele homem falava calmamente em um grego fluente e sua face permanecia límpida enquanto gesticulava os braços lentamente durante o discurso.
A história era longa, falava de reinos e multidões de povos, falava de democracia e de lugares nos quais a sabedoria do rei era proveniente de ouvir os discursos da multidão.
'Como?' Perguntou Nicetas franzindo a testa num olhar repugnante. 'Como a verdade e a lei poderiam estar nas palavras da multidão, essa turba de ignorantes?'
A quem o interlocutor respondeu prontamente:
'Vida, e não somente a verdade, Sr. Nicetas, é o que encontramos nos discursos provenientes da multidão. Não se pode negar jamais que não saibam aquilo sobre o qual estão falando'.