quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Bailarina Torta

Não acontecia apenas com ela, mas uma série de outras pessoas que ainda ficavam caladas. Sabiam dançar muito bem na ponta dos pés, mas quando chegava alguém, um movimento desconcertante acontecia, de repende um desequilíbrio inesperado e caía ao chão.

Como os amigos viam apenas ela, e não costumavam olhar para o modo como eles mesmos dançavam, chamavam-na de a "baliarina torta" remetendo à imagem que tinham na mente, ao contemplar a dança, a torsão e finalmente o tombo.

Mas a bailarina não se importava muito com as quedas, para ela, o mais importante era mesmo dançar. Ainda que de maneira retorcida, ainda que de modo desconcertante para quem via, ainda depois da queda... ao dançar, ela só sentia a sensação do vento nos cabelos soltos, os pés se mexendo e os braços em movimentos lânguidos, sem nunca parar.

Por isso, nunca passou pela sua cabecinha a sensação que os outros tinham de que a sua dança era um constrangimento. Pois, os defeitos aconteciam apenas para quem via e de vez em quando, quando chegava alguém.

Em seu mundo, sozinha, a bailaria torta não via ninugém, apenas sentia o corpo fluindo, numa imensidão azul e eterna.

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